1ª e 2ª Lei de Mendel
1ª Lei de Mendel: Lei da Segregação dos Fatores
A comprovação da hipótese de dominância e
recessividade nos vários experimentos efetuados por Mendel levou mais
tarde à formulação da sua 1ª lei:
“Cada característica é determinada por dois fatores que se separam na formação dos gametas, onde ocorrem em dose simples”, isto é, para cada gameta masculino ou feminino encaminha-se apenas um fator.
Mendel não tinha ideia da constituição desses fatores, nem onde se localizavam.
As bases celulares da segregação
A redescoberta dos trabalhos de Mendel, em 1900, trouxe a questão: onde estão os fatores hereditários e como eles se segregam?
Em 1902, enquanto estudava a formação dos gametas
em gafanhotos, o pesquisador norte americano Walter S. Sutton notou
surpreendente semelhança entre o comportamento dos cromossomos
homólogos, que se separavam durante a meiose, e os fatores imaginados
por Mendel. Sutton lançou a hipótese de que os pares de fatores
hereditários estavam localizados em pares de cromossomos homólogos, de
tal maneira que a separação dos homólogos levava à segregação dos
fatores. Hoje sabemos que os fatores a que Mendel se referiu são os genes (do grego genos,
originar, provir), e que realmente estão localizados nos cromossomos,
como Sutton havia proposto. As diferentes formas sob as quais um gene
pode se apresentar são denominadas alelos. A cor amarela e a cor verde
da semente de ervilha, por exemplo, são determinadas por dois alelos,
isto é, duas diferentes formas do gene para cor da semente.
Exemplo da primeira lei de Mendel em um animal
Vamos estudar um exemplo da aplicação da
primeira lei de Mendel em um animal, aproveitando para aplicar a
terminologia modernamente usada em Genética. A característica que
escolhemos foi a cor da pelagem de cobaias, que pode ser preta ou
branca. De acordo com uma convenção largamente aceita, representaremos
por B o alelo dominante, que condiciona a cor preta, e por b o alelo
recessivo, que condiciona a cor branca.
Uma técnica simples de combinar os gametas produzidos pelos indivíduos de F1 para obter a constituição genética dos indivíduos de F2
é a montagem do quadrado de Punnet. Este consiste em um quadro, com
número de fileiras e de colunas que correspondem respectivamente, aos
tipos de gametas masculinos e femininos formados no cruzamento.
A segunda lei de Mendel
A segregação independente de dois ou mais pares de genes
Além de estudar isoladamente diversas
características fenotípicas da ervilha, Mendel estudou também a
transmissão combinada de duas ou mais características. Em um de seus
experimentos, por exemplo, foram considerados simultaneamente a cor da
semente, que pode ser amarela ou verde, e a textura da casca da semente,
que pode ser lisa ou rugosa.
Plantas originadas de sementes
amarelas e lisas, ambos traços dominantes, foram cruzadas com plantas
originadas de sementes verdes e rugosas, traços recessivos. Todas as
sementes produzidas na geração F1 eram amarelas e lisas.
A geração F2, obtida pela autofecundação das plantas originadas das sementes de F1, era composta por quatro tipos de sementes:
9/16 amarelo-lisas
3/16 amarelo-rugosas
3/16 verde-lisas
1/16 verde-rugosas
Em proporções essas frações representam 9 amarelo-lisas: 3 amarelo-rugosas: 3 verde-lisas: 1 verde-rugosa.
Com base nesse e em outros experimentos, Mendel
aventou a hipótese de que, na formação dos gametas, os alelos para a cor
da semente (Vv) segregam-se independentemente dos alelos que condicionam a forma da semente (Rr). De acordo com isso, um gameta portador do alelo V pode conter tanto o alelo R como o alelo r, com igual chance, e o mesmo ocorre com os gametas portadores do alelo v.
Uma planta duplo-heterozigota VvRr formaria, de acordo com a hipótese da segregação independente, quatro tipos de gameta em igual proporção: 1 VR: 1Vr: 1 vR: 1 vr
Mendel concluiu que a segregação independente dos
fatores para duas ou mais características era um princípio geral,
constituindo uma segunda lei da herança. Assim, ele denominou esse
princípio segunda lei da herança ou lei da segregação independente,
posteriormente chamada segunda lei de Mendel: Os fatores para
duas ou mais características segregam-se no híbrido, distribuindo-se
independentemente para os gametas, onde se combinam ao acaso.
A proporção 9:3:3:1
Ao estudar a herança simultânea de diversos pares de características. Mendel sempre observou, em F2,
a proporção fenotípica 9:3:3:1, consequência da segregação independente
ocorrida no duplo-heterozigoto, que origina quatro tipos de gameta.
Segregação independente de 3 pares de alelos
Ao estudar 3 pares de características simultaneamente, Mendel verificou que a distribuição dos tipos de indivíduos em F2 seguia a proporção de 27: 9: 9: 9: 3: 3: 3: 1. Isso indica que os genes para as 3 características consideradas segregam-se independentemente nos indivíduos F1, originando 8 tipos de gametas.
Em um dos seus experimentos, Mendel considerou
simultaneamente a cor (amarela ou verde), a textura da casca (lisa ou
rugosa) e a cor da casca da semente (cinza ou branca).
O cruzamento entre uma planta originada de
semente homozigota dominante para as três características
(amarelo-liso-cinza) e uma planta originada de semente com traços
recessivos (verde-rugosa-branca) produz apenas ervilhas com fenótipo
dominante, amarelas, lisas e cinza. Esses indivíduos são heterozigotos
para os três pares de genes (VvRrBb). A segregação independente desses três pares de alelos, nas plantas da geração F1, leva à formação de 8 tipos de gametas.
Os gametas produzidos pelas plantas F1 se combinam de 64 maneiras possíveis (8 tipos maternos X 8 tipos paternos), originando 8 tipos de fenótipos.
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